“Por favor, fique”

Por Andrew Mcchesney

Às 20h, um casal de idosos bateu na porta da casa paroquial ao lado da igreja Adventista do Sétimo Dia em Savoonga, Alasca. Não era tarde. O sol de verão brilhava intensamente no céu. Ele não se poria até as 2h30. O povo Yupik siberiano que vive na Ilha St. Lawrence, localizada a apenas 36 milhas a leste da Rússia, no Mar de Bering, não iria dormir por horas.

Eugene e Marie, que estavam na casa dos 80 anos, não esperaram que alguém abrisse a porta. Ninguém espera que a porta seja aberta na remota vila de 835 pessoas. Todos batem e entram. O casal queria falar com o visitante que estava hospedado na casa paroquial. Eu estava visitando a ilha para coletar histórias para a Missão Adventista.

Marie falou diretamente. “Você é pastor?”, ela me perguntou.

Seus olhos se encheram de emoção quando balancei a cabeça. “Por favor, fique”, ela disse, suavemente. “Precisamos de alguém para manter a igreja aberta e nos ensinar.”

A igreja fechou várias vezes desde que a casa paroquial foi construída em 1972. Pastores pregaram e viveram lá por um tempo, mas então a presença Adventista encolheu para pouco ou nada por duas décadas.

Em 2010, a igreja reabriu quando dois enfermeiros aposentados da Carolina do Norte, Bill e Elouise Hawkes, chegaram como obreiros bíblicos no programa de extensão Arctic Mission Adventure da Alaska Conference para nativos do Alasca. Bill morreu em 2016, e Elouise ficou. Mas pouco antes da minha visita, Elouise foi embora por motivos de saúde. Marie sentia muita falta de Elouise e descreveu como ela convidava os moradores para sua casa para refeições e preparava pacotes de comida.

“Precisamos dela”, ela disse. Nunca conheci Elouise. Ela era entusiasmada e prestativa enquanto trocávamos e-mails para minha viagem. Meu respeito cresceu quando ouvi sobre seu amor pelos moradores. Quando nossa conversa terminou, às 21h, Marie olhou para mim novamente. “Por favor,” ela disse. “Fique. Precisamos de alguém para nos ensinar sobre Deus.” Com seu olhar suplicante, eu captei um senso de compaixão que Jesus deve ter sentido durante Seu ministério terrestre.

“Mas quando Ele viu as multidões, Ele se compadeceu delas, porque estavam cansadas e dispersas, como ovelhas que não têm pastor” (Mateus 9:36). Eu não queria ir embora.

Meu coração doía pelas pessoas preciosas de Savoonga e das outras mais de 200 comunidades nativas no Alasca. Apenas 11 dessas comunidades têm presença Adventista. Quando o coração de Jesus doeu, “Ele disse aos seus discípulos: 'A colheita é realmente grande, mas os trabalhadores são poucos.

Portanto, rogai ao Senhor da colheita que envie trabalhadores para a sua colheita” (Mateus 9:37, 38).

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A Última Ceia

Durante seu ministério, Jesus chamou as pessoas para segui-Lo como discípulos. Seus seguidores mais fiéis vinham de contextos pouco promissores. Uma mulher que teve cinco maridos, um homem doente há trinta e oito anos, outro que nasceu cego essas são as pessoas que seguiram Jesus sem hesitar. Outros, com mais conhecimento e vantagens, como Nicodemos e os líderes religiosos judeus, demoraram para crer e alguns acabaram O rejeitando. Até mesmo os Doze Discípulos, que formavam seu círculo mais próximo, lutaram para compreender e aceitar o que significava ser discípulos.

Com a aproximação do fim de seu ministério na Terra, Jesus se concentrou totalmente em preparar aquele pequeno grupo para os eventos que mudariam tudo em breve. Além de suas respostas durante sua prisão e julgamento, Jesus se comunicou apenas com seus seguidores mais próximos. A partir do capítulo 13, o restante deste Evangelho contém os últimos ensinamentos de Jesus para seus discípulos e os eventos da Semana da Paixão. O relato de João sobre esses ensinamentos complementa os capítulos finais dos Evangelhos sinóticos. Ele acrescentou muito material que não está incluído nos outros Evangelhos, mas também deixou de fora eventos significativos, como a instituição da Ceia do Senhor.

Sabendo que seu fim havia chegado, Jesus se concentrou em demonstrar seu profundo amor por seus seguidores (João 13:1). João enfatizou a extensão da presciência de Jesus (versículo. 1–3) qual era a hora, de onde Ele tinha vindo, para onde estava indo e quem O trairia. Em suas últimas horas, Ele estava determinado a dar uma demonstração final, completa e definitiva de seu amor.

Lavando os Pés dos Discípulos

A introdução de João à experiência da lavagem dos pés contém vários pontos importantes (João 13:1–4). Como já foi mencionado, Jesus amou seus discípulos “até o fim” (versículo 1). Essa frase pode significar tanto até seus últimos momentos quanto completamente, até o máximo. Nós nos beneficiamos ao considerar ambos os significados aqui. Ao amar os discípulos até seu próprio fim (a cruz), Jesus os amou completamente.

A decisão de amá-los até o máximo é colocada contra o fundo das ações do diabo. Enquanto João já havia nomeado Judas como o traidor (João 12:4), ele aqui identificou o diabo como o instigador das ações de Judas. Tanto Jesus quanto Judas agiram de acordo com o que havia em seus corações (João 13:2). Jesus revelou o amor do Pai, enquanto Judas manifestou a verdadeira natureza de Satanás (João 8:44).

Esse conflito se refletiu nas respostas dos discípulos às ações de Jesus. Enquanto Ele lavava os pés deles, tomou o papel de um servo. Embora Pedro fosse o porta-voz, ele apenas expressou o que todos os discípulos estavam pensando. Sem compreender, Pedro se rebelou contra Jesus assumindo uma posição tão humilhante (João 13:5–10; veja também Marcos 8:31–33). No entanto, como Maria demonstrou, a disposição de se humilhar é essencial para o discipulado. Visto dessa forma, a experiência da lavagem dos pés trouxe o discípulo para a esfera do amor de Cristo. João enfatizou que o que Jesus fez por Pedro, Ele fez por todos os discípulos. Jesus se dirigiu a todos eles por meio da forma plural de “vós” (João 13:10). Por extensão, Ele nos inclui.

Jesus sabia que nem todos os discípulos seguiriam seu exemplo. Sua presciência completa estava mais uma vez em evidência. A previsão de Jesus sobre sua traição (João 13:18–20) serve como mais uma evidência de que Jesus é o EU SOU da época de Moisés (Êxodo 3:14). Ele é aquele de quem Davi falou como sendo traído (Salmo 41:9). Olhando para trás, sobre a ceia, com a vantagem da retrospectiva, podemos ver o cumprimento das palavras de Cristo. Isso serve como uma confirmação adicional da divindade de Jesus.

Judas, Jesus e o Discípulo Amado

Depois de compartilhar o significado do serviço de lavagem dos pés, Jesus deu mais detalhes sobre como os eventos se desenrolariam. Ele avisou que havia um falso discípulo entre eles (João 13:10, 18). Embora Jesus soubesse desses eventos de antemão, fosse plenamente divino e estivesse agindo de acordo com o cronograma de Deus, Ele ainda era distintamente humano. Os eventos que viriam o incomodavam profundamente (João 11:33; 12:27).

O aviso de Jesus de que um traidor estava entre eles causou consternação entre os discípulos. Eles ficaram surpresos, sem palavras, e se perguntaram quem poderia trair Jesus, ou mesmo se alguém seria capaz de fazer isso (João 13:21, 22). A história mudou sutilmente para Judas. A confusão dos discípulos mostra o quão bem Judas se encaixava no grupo. Eles certamente não esperavam por isso.

O Evangelho se concentrou nos discípulos que estavam sentados mais próximos a Jesus. “Judas estava ao lado de Cristo à esquerda; João estava à direita. Se havia um lugar de destaque, Judas estava determinado a tê-lo, e esse lugar era considerado o de perto de Cristo” (Ellen G. White, O Desejo de Todas as Nações, p. 518). Apoiando-se no peito de Cristo estava “o discípulo a quem Jesus amava” (João 13:23). A única marca de identificação desse homem era seu relacionamento com Jesus. O Evangelho de João é um registro do testemunho desse discípulo (João 21:20, 24). Pedro fez um sinal para que João perguntasse quem era o traidor (João 13:24).

Jesus prestou três atos de hospitalidade a Judas: lavou seus pés, entregou-lhe pão para comer e lhe deu um lugar de confiança. Jesus identificou seu traidor não com acusações e dedos apontados, mas com atos de serviço. João nos deu outra visão sobre esse drama: enquanto Judas era o traidor, ele não era o verdadeiro oponente de Jesus. Jesus e Satanás são os combatentes. Uma batalha cósmica, que ainda acontece hoje, estava em andamento (13:2, 27).

Ao receber o pão, Judas imediatamente partiu para a noite (João 13:30). Mais uma vez, encontramos um conceito com um significado duplo. “Era noite” (versículo 30) comunica mais do que apenas o tempo. Desde as primeiras páginas, o Evangelho enquadrou o conflito como sendo entre luz e trevas. Judas havia se cortado completamente da luz e caminhado para a escuridão total.

Momento de Reflexão

► Como o estudo de João 13 afetou sua resposta à lavagem dos pés que praticamos na igreja?

► Por que você acha que temos dificuldade em aceitar tudo o que Cristo quer fazer por nós?

► Como você explicaria as diferenças entre a descrição dos Sinóticos da Última Ceia e o relato de João?

► O que você acha que Jesus quis dizer quando disse aos discípulos: "Se eu não vos lavar, não tendes parte comigo" (João 13:8)?

► Normalmente, os pés eram lavados quando os convidados chegavam. Que lições você pode ver no fato de que essa lavagem dos pés foi feita após a refeição?

► De que maneiras práticas você pode seguir a instrução de Jesus para seguir Seu exemplo? (João 13:15.)

► Como você explicaria a consciência de Jesus de que Judas o trairia? Foi resultado de Sua presciência divina ou Ele sabia ler as pessoas melhor do que os discípulos?

Instruções aos Discípulos

Depois da partida de Judas, Jesus começou uma longa série de ensinamentos apenas para Seus discípulos. O conteúdo de João 14–17 é único neste Evangelho. As primeiras palavras de Jesus, a sós com os discípulos restantes, encapsulam os principais temas que Ele queria enfatizar nesses momentos finais antes de Sua morte. Jesus desejava que Deus fosse glorificado Nele. Ele destacou a interconexão entre Sua própria glorificação e a do Pai. O sofrimento que Cristo estava prestes a enfrentar na cruz, assim como o poder demonstrado por Sua ressurreição, revelariam o caráter e o amor de Deus para o mundo.

Jesus sabia que os próximos eventos ocorreriam rapidamente e ansiava para que Seus seguidores estivessem preparados. Ele queria que eles aceitassem este “novo” mandamento de amar uns aos outros. O mandamento de amar não era nada de novo, mas a humilhação e a morte de Cristo ilustrariam uma profundidade de amor até então desconhecida. Tanto a lavagem dos pés quanto a crucificação trouxeram uma nova luz sobre o significado do amor. A profundidade do amor de Cristo se tornou a nova medida do nosso serviço como discípulos (João 13:35). Hoje, mais do que nunca, o mundo precisa de uma demonstração divina do amor de Deus através de Seu povo.

Depois que Simão Pedro pressionou Jesus sobre onde Ele estava indo, a história segue imediatamente para João 14:1–6, onde Jesus explicou mais plenamente Seu destino e o deles. Embora Jesus estivesse partindo, Ele ofereceu um tipo de relacionamento mais íntimo e acessível aos discípulos e aos crentes que viriam depois. Ao lermos esses versículos, nossos pensamentos geralmente se voltam para a Segunda Vinda e para o lar eterno que Deus preparou para nós.

No entanto, se focarmos exclusivamente na Segunda Vinda e no céu, perdemos uma conexão importante com os eventos que cercam essa conversa. A ideia da casa do Pai (João 14:2) continua os temas de hospitalidade e serviço que formaram a espinha dorsal da experiência da lavagem dos pés. Jesus nos oferece um lugar para habitar com Ele agora, não apenas em Sua volta. Isso não minimiza a realidade final de Sua promessa, mas habitar com Ele eternamente no céu será uma continuação de estar com Ele no presente.

Questões do Coração

“Antes da Páscoa, Judas se reuniu pela segunda vez com os sacerdotes e escribas... No entanto, depois, ele misturou-se aos discípulos como se nada tivesse acontecido. Os discípulos não sabiam nada sobre o propósito de Judas. Somente Jesus podia ler seu segredo. Mesmo assim, Ele não o expôs. Jesus desejava a alma dele. Ele sentia por Judas um peso semelhante ao que sentiu por Jerusalém quando chorou sobre a cidade condenada. Seu coração clamava: Como posso te entregar? O poder constrangedor desse amor foi sentido por Judas. Quando as mãos do Salvador estavam lavando aqueles pés sujos e enxugando-os com a toalha, o coração de Judas ficou em êxtase com o impulso de confessar seu pecado naquele momento. Mas ele não se humilhou” (Ellen G. White, ‘’O Desejo de Todas as Nações’’, p. 520).

“Quando Jesus havia posto sobre Si a toalha para lavar o pó dos pés, Ele desejou, por meio daquele ato, lavar a discórdia, o ciúme e o orgulho de seus corações. Isso era de muito mais importância do que lavar seus pés empoeirados. Com o espírito que eles tinham naquele momento, nenhum deles estava preparado para a comunhão com Cristo. Até que fossem trazidos a um estado de humildade e amor, não estavam prontos para participar da ceia pascal ou para compartilhar do serviço memorial que Cristo estava prestes a instituir. Seus corações precisavam ser limpos. O orgulho e a busca por si mesmos criam dissensão e ódio, mas tudo isso Jesus lavou ao lavar os pés deles. Uma mudança de sentimento ocorreu. Olhando para eles, Jesus pôde dizer: ‘Vocês estão limpos.’ Agora havia união de coração, amor um pelo outro. Eles se tornaram humildes e ensináveis. Exceto Judas, cada um estava pronto para conceder ao outro o lugar mais alto. Agora, com corações subjugados e gratos, eles podiam receber as palavras de Cristo”.

“Em Sua vida e ensinos, Cristo deu uma exemplificação perfeita do ministério altruísta que tem sua origem em Deus. Deus não vive para Si mesmo. Ao criar o mundo e sustentar todas as coisas, Ele está constantemente servindo aos outros... Jesus foi dado para estar à frente da humanidade, para que, por meio de Seu exemplo, Ele pudesse ensinar o que significa ministrar. Sua vida inteira estava sob uma lei de serviço”.

“Foi o profundo amor de João por Cristo que o levou sempre a desejar estar perto Dele; e esse lugar sempre lhe foi dado. Jesus ama aqueles que representam o Pai, e João podia falar do amor de Deus de uma forma que nenhum dos outros discípulos podia. Ele revelou aos seus semelhantes aquilo que sentiu ser seu dever revelar, representando em seu caráter o caráter de Deus. A glória do Senhor se expressava em seu rosto. A beleza da santidade, que o havia transformado, brilhava com um resplendor cristão de seu semblante” (Ellen G. White, ‘’Atos dos Apóstolos’’, p. 346).