“Não enviamos ninguém”

Por Andrew Mcchesney

Por quatro anos, Donaldo Velasquez visitou uma prisão colombiana toda sexta-feira para pregar sobre Jesus. Mas uma sexta-feira, ele não pôde ir. Ele trabalhava como carpinteiro, e um cliente precisava urgentemente de sua ajuda. Além disso, Donaldo precisava do dinheiro.

Apenas quatro Adventistas do Sétimo Dia —Donaldo, dois outros membros da igreja e seu pastor — tinham permissão para visitar a prisão em Acacias, e Donaldo os chamou para ajudar. “Não, estou muito ocupado”, disse Ranses. Pedro também disse que não poderia ir. O pastor se desculpou, dizendo que estava fora da cidade.

Donaldo chorou e rezou. Quando sua esposa, Jesusita, perguntou o que estava errado, ele explicou que não queria faltar à reunião com os internos, mas precisava trabalhar. “Vá, faça seu trabalho”, disse Jesusita. “Deus proverá.”

Na próxima vez que Donaldo visitou a prisão, 38 presos vieram ouvi-lo pregar. Ele estava acompanhado de outro membro da igreja, Pedro. “Onde está o homem que veio da última vez?” perguntou um preso. “Não enviamos ninguém”, respondeu Donaldo. “Sim, você fez”, disse outro detento. “Um homem pregou para nós.” “Não, não enviamos ninguém”, disse Donaldo, e sugeriu que talvez o pregador pertencesse a outra denominação. “Não, não”, disseram os internos.

“Conhecemos todos que têm permissão para visitar. Este homem nunca tinha visitado a igreja antes e não era de outra igreja.” Donaldo perguntou sobre o sermão do homem, esperando uma pista sobre sua identidade.

Os presos disseram que ele havia falado sobre o Sábado do Sétimo Dia. Espantado, Donaldo perguntou: “Como ele era?” Os presos o descreveram como um homem alto, bem vestido, vestindo uma camisa branca.

Disseram que ele conhecia a Bíblia tão bem que provavelmente era professor. Pedro tocou o braço de Donaldo. “Um anjo deve ter vindo e pregado para eles”, disse ele. “Essa é a única explicação.” Donaldo, no entanto, não estava convencido. Ele foi até o guarda da prisão que registrava os visitantes.

O guarda, um amigo de Donaldo, olhou o registro do computador e balançou a cabeça. “Ninguém veio naquele dia”, ele disse. Espantado, Donaldo exclamou: “Agora não tenho dúvidas de que o anjo do Senhor veio ensinar a Bíblia em meu lugar!” Voltando aos presos, ele os informou que eles deviam ter visto um anjo.

Seis anos se passaram, e quase todos os 38 presos entregaram seus corações a Jesus no batismo. Donaldo disse que nunca vai esquecer aquele dia.

“Embora seja uma história incrível, acredito que Deus enviou Seu mensageiro celestial”, disse ele.

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O Conflito se Intensifica

João 7 marca o início dos últimos seis meses da vida de Jesus. Depois de inicialmente evitar a Judeia por causa da ameaça à Sua vida e ministério (João 7:1, 9–19), Jesus voltou a Jerusalém para a Festa dos Tabernáculos (ou festa de Sucot), uma festa de gratidão e alegria que acontecia após o Dia da Expiação. As pessoas agradeciam tanto pela colheita quanto por terem passado pelo julgamento. Apesar da ameaça à sua vida (João 7:30, 44; 8:57–59), Jesus participou da festa, aparentemente chegando no meio da celebração de uma semana (João 7:14).

Sua chegada levou a uma longa interação entre Ele, os judeus e os adoradores (João 7:16—53; 8). Jesus repetidamente declarou Sua conexão com o Pai (João 7:16–18, 29; 8:14–18, 54, 55), e como resultado, as pessoas começaram a se perguntar sobre Sua identidade e origem (João 7:25–32). Eles sabiam que Ele era da Galileia e, por isso, questionavam se Ele realmente poderia ser o Messias, já que as Escrituras diziam que o Messias viria de Belém (João 7:41, 42). Alguns estavam decididos a matá-lo (João 7:43, 44; 8:59).

No meio do diálogo, João apresenta a história da mulher apanhada em adultério (João 8:1–11). Esta mulher, cujo nome não é mencionado, é um excelente exemplo de como julgamento e vida se desenrolam no Evangelho. Sem dúvida, isso reflete a atitude de Jesus em relação à humanidade.

Os capítulos que se seguem mostram Jesus indo e voltando de Jerusalém (João 9:1–5; 10:38–42), continuando a ensinar e a curar. Todos esses eventos ocorreram sob a sombra da ameaça constante contra a vida de Jesus. Nesta lição, vamos focar nos capítulos 9 e 10.

Esses incidentes ocorreram logo após a experiência de Jesus durante a Festa dos Tabernáculos (João 7:1–5). O final do capítulo 10 nos apresenta ao festival de inverno, conhecido hoje como Hanucá (João 10:22). Essa foi a última visita de Jesus a Jerusalém antes da semana decisiva e final de Sua vida.

Lavando-se no Tanque

Os temas de crença e descrença, de revelação e conflito, continuam. Nos deparamos com o sexto sinal nomeado de Jesus: a cura de um homem cego. Restaurar a visão aos cegos foi um dos milagres mais comuns de Jesus. No Antigo Testamento, dar visão aos cegos demonstrava um poder que pertencia somente a Deus (por exemplo, Êxodo 4:11; Salmo 146:8) e estava associado ao reino vindouro (por exemplo, Isaías 29:18; 35:5; 42:7). O relato de João sobre a cura do homem cego (João 9:1–12) é seguido por uma extensa controvérsia sobre essa cura e o discurso teológico de Jesus (João 10:1–18). Ao ler, tente se imaginar na cena. Como você reagiria?

De imediato, somos confrontados com uma pergunta: quem é o responsável pela cegueira desse homem? Muitos, naquela época, acreditavam que todo sofrimento resultava diretamente das escolhas de um indivíduo. A ideia predominante sugeria que era culpa dos pais dele, mas Jesus rejeitou essa visão. O sofrimento nem sempre é o resultado de um pecado específico. Vivemos em um mundo caído, no meio de uma guerra cósmica, e assim como civis sofrem em guerras humanas, nós muitas vezes sofremos por circunstâncias além do nosso controle. Neste caso, a cegueira do homem serviu a outro propósito: revelou o poder de Deus.

Três palavras se destacam em João 9:4: “é necessário”, “façamos” e “Me”. Não é apenas Jesus que deve fazer o trabalho do Pai, mas nós também. A missão dada a Ele também é dada a nós. Certamente a noite está chegando; não teremos sempre as oportunidades que temos agora.

Jesus tomou a iniciativa de curar esse homem. Ele misturou barro com saliva e ungiu os olhos do cego. Embora a saliva fosse considerada curativa no mundo antigo, o método de Jesus foi único. Talvez o uso do barro nos remeta ao relato da criação (Gênesis 2:7), destacando a cura como uma obra criativa. De qualquer forma, João nos diz que Siloé significa "enviado" e nos lembra que Jesus foi enviado pelo Pai. Somente o Enviado de Deus pode remover a cegueira e o pecado.

A cura causou uma reação mista (João 9:8–13). Após algumas perguntas, descobrimos que isso aconteceu no Sábado. O milagre demonstra que Jesus estava fazendo a obra de Deus, mas alguns pensaram que Ele era pecador por agir no Sábado. Os fariseus estavam divididos sobre essa questão e perguntaram ao homem que antes era cego sua opinião. Ele respondeu: "Ele [Jesus] é um profeta".

Interrogando a Testemunha

Recusando-se a acreditar no que tinham visto, os judeus chamaram os pais do homem que havia sido curado da cegueira. Embora eles tenham confirmado a identidade do filho, se recusaram a dizer como o milagre aconteceu (João 9:20, 21). Como o filho já era maior de idade, eles preferiram que ele mesmo respondesse a todas as perguntas. Motivados pelo medo, os pais evitaram responder diretamente, tentando se proteger de serem expulsos da sinagoga. Apesar da transformação incrível do filho, o medo dominou a reação deles.

Finalmente, a atenção e as perguntas voltaram para o homem curado (João 9:24–34). A conversa que segue é a mais animada do capítulo. Os fariseus tinham a intenção de coagir ou humilhar o homem, mas ele respondeu com argumentos irrefutáveis. Os líderes religiosos focaram na compreensão tradicional de que o pecado estava ligado a ações específicas neste caso, quebrar o Sábado. Sem uma defesa clara para sua posição, eles recorreram à arrogância e a ameaças.

Em contraste, o homem curado não entrou no debate sobre se Jesus era pecador. Ele simplesmente respondeu com os fatos da cura, um milagre sem precedentes na história. Isso o levou à conclusão simples de que seu Curador devia ser de Deus. Um ato tão impressionante só poderia ter vindo de Deus. Apesar de ter sido um mendigo, ele articulou um argumento claro e convincente. Nesse sentido, o homem agiu mais como um sábio professor do que os próprios líderes religiosos.

Jesus finalmente voltou à história em seu desfecho. Ele mais uma vez tomou a iniciativa, buscando o homem curado e levando-o a fazer uma confissão de fé. Embora ele não tivesse visto Jesus antes, provavelmente reconheceu a mesma voz que o mandou lavar-se na piscina. Sem hesitar, ele declarou sua crença e adorou a Cristo. Ele passou de ver Jesus como seu Curador a reconhecê-lo como seu Messias. Sua visão aumentou de física para espiritual e teológica.

De uma parte, vemos uma confissão clara de fé, e da outra, uma declaração definitiva de julgamento. Ecoando o tema maior do Evangelho, Jesus declarou que veio para o julgamento, um que leva tanto à visão quanto à condenação. Ao rejeitarem Jesus, os fariseus se julgaram a si mesmos, demonstrando sua incapacidade de enxergar.

Esse relato nos lembra da mensagem à igreja de Laodiceia (Apocalipse 3:14–22). Os crentes de lá diziam que eram ricos e que podiam ver, mas na verdade mostravam que eram pobres e cegos. A alegação de ter conhecimento espiritual aumenta nossa responsabilidade. Precisamos confessar nossa cegueira, pedir colírio espiritual e seguir a luz que recebemos. Não devemos viver com os olhos meio abertos, seguindo apenas a luz que nos convém. Que o Senhor nos conceda um espírito de humildade e o desejo de examinar nossos corações para descobrir aquilo que não enxergamos sozinhos.

Momento de Reflexão

► Mais uma vez, Jesus curou no Sábado. Você acha que isso foi deliberadamente provocativo ou houve outro motivo em ação?

► Explique a transformação de um mendigo para alguém que é articulado o suficiente para lidar com os líderes religiosos. Você consegue?

► Quem você incluiria nas “outras ovelhas” de Jesus que devem ser reunidas no rebanho? (João 10:16; 11:52; Isaías 56:8.) De qual rebanho você faz parte?

► Jesus disse que veio para trazer vida e alegria abundantes (João 10:10). Você já experimentou isso em sua vida? O que você poderia fazer para aumentar sua “alegria no Senhor” (Neemias 8:10)?

► O que significa ter alegria no Senhor? Como isso se parece na vida cotidiana?

► Qual é o seu maior obstáculo para reconhecer seus pontos cegos espirituais?

► O que podemos entender mal hoje que pode nos levar a rejeitar Jesus?

►O Evangelho frequentemente diz que Jesus deu Sua vida livremente (João 3:14; 6:51; 10:11). Como isso se encaixa com o conceito de que é o Pai que deu Seu Filho (3:16)?

O Bom Pastor

Apesar da divisão do capítulo, as palavras de Jesus continuam sem nenhuma pausa. João 10:1–21 serve como um comentário sobre a cura controversa do capítulo anterior. Jesus se compara aos líderes cegos do povo, usando uma nova metáfora familiar para as multidões. Ele já havia se comparado à água (João 4:13, 14; 7:37, 38) e à luz (João 8:12), e agora Ele utiliza uma imagem tranquila que transmite o relacionamento íntimo entre Ele e os crentes: um rebanho de ovelhas e seu pastor.

As ovelhas reconhecem e confiam na voz do verdadeiro pastor. Quando estão perdidas ou vagando, o pastor as guia de volta a caminhos seguros. Ao destacar o cuidado e a liderança do verdadeiro pastor, Jesus revelou o que o Pai é realmente e, indiretamente, mostrou a diferença entre Seu trabalho e o dos fariseus (João 10:1–6).

Obviamente, cuidar de ovelhas era uma ocupação comum nos dias de Jesus. A imagem certamente ressoaria com os ouvintes. No entanto, a metáfora tem outra camada importante de entender. O Antigo Testamento frequentemente usava o mesmo simbolismo. Os reis infiéis de Israel eram comparados a maus pastores que se aproveitavam de suas ovelhas. Os profetas prometeram que, eventualmente, Deus agiria e traria o Verdadeiro Pastor (Ezequiel 34:1–31). Mais uma vez, João destacou que aqueles que deveriam ter entendido não conseguiram captar o significado das palavras de Jesus (João 10:6). Por estarem cegos, eles se viam como pastores de Deus, e não como ladrões. Mas o comportamento deles os traiu, assim como o comportamento de Jesus revelou Seu papel como o Verdadeiro Pastor.

Jesus então apresentou uma metáfora dupla: Ele é a Porta, ou o portão. A porta controla o acesso às ovelhas e é o meio de chegar ao pasto. Como a Porta, Jesus serve como o protetor das ovelhas e também como o caminho para que elas encontrem alimento. Esse conceito está em harmonia com Sua missão. Ele também é o Bom Pastor. Como Pastor, Ele tem um relacionamento íntimo com as ovelhas. Isso identifica claramente Jesus como o pastor prometido em Ezequiel 34:15.

A auto-revelação de Jesus gerou diferentes respostas. Seus ouvintes ou se aproximavam mais da luz ou afundavam mais nas trevas (João 10:19–21; 7:43; 9:16; 12:35). Jesus desejava trazer Seus ouvintes para Seu rebanho e conduzi-los a uma vida abundante (João 10:10). Mas Ele não forçaria ninguém a segui-Lo. Hoje, Ele ainda chama todos que estão dispostos a ouvir Sua voz para vir e seguir.

O Bom Pastor assume a responsabilidade por todos que respondem ao Seu chamado. Ele os guia com paciência e os protege com força. Vai tão longe a ponto de dar Sua própria vida pelas Suas ovelhas. Ele nos dá todas as razões para confiarmos Nele como o Bom Pastor, que sempre tem nosso melhor interesse em mente.

Um Grande Pecador

"Os judeus geralmente acreditavam que o pecado era punido nesta vida. Toda aflição era vista como a penalidade por algum erro cometido... É verdade que todo sofrimento resulta da transgressão da lei de Deus, mas essa verdade foi distorcida. Satanás, o autor do pecado e de todos os seus resultados, levou as pessoas a verem a doença e a morte como vindas de Deus como punições arbitrárias por causa do pecado. Assim, alguém que enfrentava uma grande aflição ou calamidade carregava o fardo adicional de ser considerado um grande pecador. Dessa forma, o caminho foi preparado para que os judeus rejeitassem Jesus" (Ellen G. White, ‘’O Desejado de Todas as Nações’’, p. 378).

"O dilema em que os fariseus se encontravam, suas perguntas cheias de preconceito, sua incredulidade nos fatos do caso, estavam abrindo os olhos da multidão, especialmente do povo comum. Jesus frequentemente realizava Seus milagres nas ruas, e Seu trabalho era sempre para aliviar o sofrimento. A pergunta que surgia na mente de muitos era: 'Deus realizaria tais obras poderosas através de um impostor, como os fariseus insistiam que Jesus era?' A controvérsia estava se tornando muito séria para ambos os lados".

"Os fariseus não percebiam que estavam lidando com mais do que apenas um homem não educado que nascera cego; eles não sabiam com quem realmente estavam discutindo. A luz divina brilhou nas profundezas da alma do homem cego. Enquanto esses hipócritas tentavam fazê-lo desacreditar, Deus o ajudou a demonstrar, pela força e clareza de suas respostas, que ele não seria enganado".

"Embora agora Jesus tenha ascendido à presença de Deus... Ele não perdeu nada de Sua natureza compassiva. Hoje, o mesmo coração terno e cheio de simpatia está aberto a todas as dores da humanidade. Hoje, a mão que foi perfurada está estendida para abençoar mais abundantemente Seu povo que está no mundo. ‘E nunca perecerão, e ninguém as arrebatará da Minha mão.’ A alma que se entregou a Cristo é mais preciosa aos Seus olhos do que o mundo inteiro. O Salvador teria passado pela agonia do Calvário para que uma única pessoa pudesse ser salva em Seu reino. Ele nunca abandonará aquele por quem morreu. A menos que Seus seguidores escolham deixá-Lo, Ele os manterá firmemente".

"Há entre muitos dos jovens que professam crer na verdade uma vaidade... e descuido que os tornam imprudentes... Essas pessoas não estão caminhando no amor de Deus, mas estão frias e sem vida, não produzindo frutos para Sua glória. Eles são pobres, cegos, miseráveis, nus, e ainda assim se acham muito autossuficientes, iludindo-se de que são ricos e aumentaram seus bens e que não precisam de nada" (Ellen G. White, Manuscrito 6, 1878).